Por que a gente dá presentes no Natal?

Isabellamoraisvasconcelos
3 min readDec 22, 2020

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Diz a lenda que presentear no Natal é uma tradição que teve sua origem no ato dos três reis magos (Belchior, Baltazar e Gaspar) terem presenteado Jesus quando ele nasceu.

Já essa história do Papai Noel nos presentear, tem relação com o bispo católico romano São Nicolau, que entre os séculos IV e V, dava donativos às crianças pobres.

Então, o dia de São Nicolau foi se (con)fundindo com a comemoração natalina. E o arremate dessa festa, por assim dizer e fazendo um salto no tempo-espaço, foi uma campanha publicitária da Coca-Cola que entre as décadas de 20 e 30, vendeu a imagem do bom velhinho como um senhor, gordinho, com barba e cabelos brancos, e roupas vermelhas. Ah, seu saco (de presentes, claro) seguia o mesmo padrão rubro de sua vestimenta.

Dado esse resumidíssimo contexto histórico, retomemos a pergunta que nos trouxe até aqui:

Por que a gente dá presentes no Natal?

Pela tradição que se estabeleceu? Pelo estímulo de campanhas publicitárias? Para aproveitar o ensejo da ocasião? Pelo simbolismo da data?

Generalizando, podemos dizer um sim a todas essas proposições. Nunca é por um só motivo. É um misto de emoções e razões que nos leva a presentear as pessoas nesta data, sejam entes queridos ou não.

No entanto, listando assim essas possíveis motivações, algo chama a atenção:

Parece que quase nunca o argumento é o sentimento genuíno àquela pessoa especificamente a quem se dá o presente. E vejam bem, observe que não estou batendo o veredito sobre essa possibilidade. O uso o advérbio “quase” não me deixa mentir sobre isso.

Mas vamos pensar comigo: de todos os presentes que a gente dá no Natal, qual e/ou quantos deles são dados por força da ocasião, sendo por vezes, “só uma lembrancinha” para não passar em branco?

Entendem a questão?

Papai Noel me livre de estar sendo injusta ou crítica em relação ao presentear no Natal. Até porque eu mesma adoro conjugar esse verbo e minha chaminé é telhado de vidro…

A intenção aqui é buscar uma reflexão sobre atos reflexos que temos no dia a dia, ao longo do ano e, por fim, no final dele, no Natal. Um bom exemplo disso é se a gente pensar que as crianças não esperam seus presentes de natal. Nós é que as fazemos esperar. Somos nós quem ensinamos essa tradição, que “passamos de pai para filho”, estimulados talvez pela ludicidade da dinâmica da troca de presentes… (E ainda tem isso: será que a gente ensina só a receber ou a dar também?)

Quem sabe também minha pretensão aqui seja fazer desse texto o meu presente de natal a quem possa interessar e a quem queira pensar junto comigo sobre esse frenesi que todos os anos nos consome em consumo e, possivelmente, nos distrai do verdadeiro sentido do Natal.

Reconheço, por outro lado, que cada um de nós acredita na sua verdade e no seu sentido de sentir as coisas. Porém, historicamente é irrefutável que o Natal em si já é um simbólico presente à toda humanidade. E não é à toa que os tempos históricos, embora haja controvérsias, se dividam em a.C. e d.C.

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Isabellamoraisvasconcelos

Designer, mestra em história social da cultura e (ama) dora da escrita, arriscando rimas, prosas e poesias.